Aquele que desconhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele
que a conhece e diz que é mentira, esse é um criminoso. Bertolt Brecht
Boa parte dos leitores desse blog
sabe que eu defendi, no início do ano, uma tese de doutorado sobre a administração
Martim Gonçalves, a mítica diretoria da primeira escola de teatro do Brasil
ligada a uma instituição universitária, a Escola de Teatro da Universidade
Federal da Bahia. Pois bem. Não vou aqui falar da tese em si. Não agora. Mas tratar
da recepção que ela vem tendo nos auto-proclamados “meios culturais” ou “meios
intelectuais” baianos.
E vou ser bem direta: a tese que
simplesmente desmascara uma das maiores mentiras sociais já produzidas em solo
baiano (em solo brasileiro?) nos últimos 50 anos, a tese que apesar de ter sido
matéria de veículos de grande circulação local e nacional (A Tarde, Terra Magazine, Jornal do Brasil Wiki) não provocou nenhuma,
absolutamente nenhuma resposta da classe artística, sobretudo a teatral baiana,
a sua principal interessada! O que se ouve é um estrondoso silêncio!!! Ou como
eu mesma prefiro dizer: “Faça-se luz na cozinha e o máximo que se escuta são os
passinhos das baratas”.
Mas como é que é? Quer dizer que
ninguém vem mais a público propagar que o pernambucano Martim Gonçalves era
“apenas um estrangeiro colonizador?” Aquele “lord inglês” que queria empurrar
goela abaixo “um gosto estrangeiro à Bahia?” Que a Escola de Teatro em sua
época só pensava em montar – como se isso fosse um problema – “clássicos estrangeiros
para o público local”?
E sabe por que ninguém tem mais a
coragem de dizer isso em público? Porque a minha tese mostrou – para a minha
própria surpresa, pois fui nesse caminho procurando outros horizontes – o quanto
a Escola de Teatro de Martim Gonçalves, entre os anos de 1956 e 1961, foi uma
instituição central para dar FORMA à cara que a CULTURA BAIANA ainda hoje
possui, inclusive ajudando política
e economicamente na CRIAÇÃO
das cinco GRANDES instituições culturais ainda hoje atuantes no estado. A
saber:
1)
O Museu de
Arte Sacra – Em 1956, o Convento de Santa Teresa estava desativado e
abandonado há mais de 100 anos e abriu as portas ao público não-religioso pela
primeira vez na história quando lá Martim Gonçalves conseguiu, após uma tremenda
batalha de bastidores entre a Cúria Metropolitana, a Prefeitura e a
Universidade, encenar o Auto da Cananéia, a primeira montagem da
ET, escola que ainda não possuía sede e muito menos um teatro. Martim Gonçalves
quis então ocupar o convento desativado com a escola de teatro. Mas a
resistência católica conservadora deve ter sido grande, afinal, seria demais
ocupar um “local sagrado” com algo tão profano como atores... Contudo,
Martim/ET ajuda na recuperação do Convento, lança pelos jornais, ainda em 1956,
a ideia para ali funcionar um museu de arte sacra e provavelmente ganha pontos
políticos na administração universitária, o que explicaria como a Escola de
Teatro pode ser a primeira entre as escolas de arte da reitoria Edgar Santos a
possuir uma sede, que inclusive deveria ser provisória (mas não foi): O Casarão
Santo Antônio. Mais um detalhe: a direção do Museu de Arte Sacra (afinal,
inaugurado em 1959) ficou a cargo de um monge beneditino, ordem com a qual
Martim Gonçalves tinha profundas relações, tendo inclusive um tio, Dom Gerardo
Martins, especialista em... arte sacra!
2)
O Centro de
Estudos Afro-Orientais – Em 1959, Agostinho da Silva, o futuro criador
do CEAO, pede explicitamente em carta ao professor português Eduardo Lourenço a
ajuda de Martim Gonçalves. Pede para que o diretor de teatro interceda por ele
junto ao reitor Edgar Santos. Agostinho e Martim se conheciam de muito antes.
Agostinho era casado com Judith Cortesão, irmã de Saudade Cortesão, tradutora
de vários textos para Martim. Se esse pedido de intermediação já não fosse algo
importantíssimo, também é preciso LEMBRAR que será na Escola de Teatro que
Agostinho ficará no seu primeiro ano na Bahia, dando aulas, e segundo suas
próprias palavras, “sob um disfarce”, enquanto arquitetava o CEAO. Como se esse
notório apoio de Martim ao diretor do CEAO também não fosse suficiente, basta
olhar as cartas entre Martim Gonçalves e Pierre Verger e saber o quanto os
próprios planos de Martim/Verger para a África em 1958/1959 serão
executados apenas dois anos depois pelo primeiro funcionário do CEAO a visitar
a África: Vivaldo da Costa Lima, em 1960/1961. Outro dado notável: Verger, que
ainda era apenas um viajante, que não tinha se fixado na Bahia e não possuía
nenhuma base institucional para suas pesquisas em solo africano, pediu o apoio
institucional de Martim Gonçalves (“preciso de cartas, Martim, de preferência
em inglês”), para, via Ufba, continuar se articulando com instituições
africanas. Martim que iria para o Senegal/Nigéria em 1959, não vai porque ocorre um desentendimento
interno com alunos na Escola de Teatro. Mas, ainda assim, Martim financiou, deu dinheiro, provavelmente americano, ainda
em dezembro de 1958, para a gravação de uma roda de Candomblé completa NO PALCO
do Teatro Santo Antônio, com o terreiro articulado por Verger.
3)
Museu de Arte
Moderna da Bahia – Vamos por partes, porque as relações de Martim
Gonçalves e Lina Bo Bardi na Bahia realmente tomaram um bom pedaço da minha
tese. E ainda vão tomar muito mais. E tudo começou quando achei POR ACASO uma
carta de Lina Bo Bardi, publicada no jornal A
Tarde, em que ela defendia Martim, dizendo que a famosa exposição Bahia, na V Bienal de São Paulo, em
1959, foi “pensada, planejada e realizada pelo diretor da ET”, e não por ela,
como havia dito dias antes uma nota maldosa publicada no mesmo jornal. Segundo
ela, sua “colaboração foi especialmente na parte arquitetônica, estreitamente
ligada ao conteúdo da exposição”. Foi a partir dessa descoberta ocasional que
todo um mundo de relações se descortinou. Depois da Bienal de 1959, o Mamb –
ainda sem sede – realiza em outubro do mesmo ano sua PRIMEIRA exposição NA
BIBLIOTECA DA ESCOLA DE TEATRO, retomando a série de atividades organizadas por
Martim que aí se realizavam DESDE 1956, de exposições com artefatos populares,
chamado de MUSEU DE TEATRO. Martim TAMBÉM já havia realizado ao longo de 1957 e
1958, na França, Itália, Áustria e Bélgica, uma exposição denominada Danças e Teatro Popular no Brasil, onde
mostrara ao público estrangeiro, através de fotografias, séries de expressões
populares AVANÇADAMENTE consideradas para a época como folclore dramático
popular, como os jogos da Capoeira e a Procissão do Bom Jesus dos Navegantes.
Repito: isso em 1957. Mais de 50 anos antes da onda etnocenológica que invadiu a pós-graduação da própria Escola
de Teatro da Ufba. Para não ter que listar TODO o envolvimento de Martim com a
pesquisa de técnicas e formatos populares trabalhados NO INTERIOR da Escola de
Teatro, vou citar o título de apenas um dos seus textos, publicado na revista
da Música Popular Brasileira, em 1954: “A
Indumentária Sagrada do Candomblé da Bahia”. E tem mais: boa parte das
atividades do Mamb era executada em parceria com a ET. Afinal, como sustentar o
estorvo político que causou a ocupação do Teatro Castro Alves (TCA)? TODOS os
“baianos” queriam o TCA para si!! Lina ocupa o foyer e, com Martim, aos poucos
começa a penetrar nas entranhas do teatro. A Escola da Criança do Mamb e todos
os seus cursos eram dirigidos por Martim! Ele indicou os funcionários –
ex-alunos da ET – para trabalhar lá. O pesquisador que enveredar pelo tema
PRECISA se perguntar COMO Lina pagava as contas das atividades do Mamb! Não.
Não pense que o governo do Estado na época tinha uma polpuda verba para
cultura. NÃO HAVIA SECRETARIA DE CULTURA!!! Não me faça dizer com todas as
letras qual a instituição forte, financeiramente bancada com dinheiro
americano, que transferiu verba para GRANDE PARTE DAS ATIVIDADES e
IDEIAS culturais gestadas nesse famoso e inesquecível período baiano. Na minha
tese eu defendo com todas as letras que a ação da Escola de Teatro de Martim
Gonçalves foi similar à de um órgão geral/congregador da cultura baiana. Diante
disso, a sequencia de exposições e espetáculos de teatro e filmes com atores da
escola de teatro realizados no TCA vira até fichinha...
4)
O Terno de
Reis da Lapinha - Esse aqui é outro assunto bastante espinhoso
abarcando ações desenvolvidas pela Escola de Teatro na administração Martim
Gonçalves. Por quê? Simplesmente porque hoje as festas de Ternos de Reis
realizadas na Lapinha, bairro central de Salvador, são uma tradição da cidade.
Mas sendo fiel à minha pesquisa não posso deixar de relatar a sequência de
informações que recolhi sobre o assunto, diga-se de passagem, sem o menor interesse
em coletá-las; um material que foi surgindo colado/associado às atividades da
Escola de Teatro no período estudado. Para entender a questão, em primeiro
lugar, é preciso saber que as festas de Reis – com presépios e bailes pastoris
– eram uma realidade em diversas localidades de Salvador pelo menos até o início
do século XX. O assunto está reunido em livros clássicos sobre o folclore
brasileiro como Festas e Tradições
Populares do Brasil, de Melo Morais Filho e A Bahia de Outrora, de Manoel Querino. Querino chega a falar da
importância que a Igreja da Lapinha possuía no ciclo dessas festas. De um modo
geral, tal tradição cristã chegou ao Brasil por conta da sua matriz ibérica,
possuindo uma antiga linhagem. Acontece que em 1957, a Livraria Progresso Editora
(re) publica três livros sobre o assunto: o Bailes
Pastoris, de Manoel Querino, Baile
Pastoril no Sertão da Bahia, de José Nascimento de Almeida Prado e Os Bailes Pastoris da Bahia, de Carlos
Ott. Todos eles trazendo o texto de apresentação do próprio dono da Progresso,
Pinto de Aguiar, sendo publicados conjuntamente com o título “Bailes Pastoris”.
Pinto de Aguiar fez vários lançamentos da Progresso nos jardins da ET e era
próximo de Martim. Pouco depois desse lançamento, a Escola de Teatro coloca
explicitamente entre suas montagens as peças de Arthur Azevedo, uma delas
retomando entre suas cenas os bailes pastoris presentes no ciclo de festas de
reis na Bahia. No ano letivo de 1958, estuda-se Arthur Azevedo na Escola de
Teatro por conta da montagem de A
Almanjarra. No final desse mesmo ano, em 09 de dezembro de 1958, a Escola
de Teatro exibe em seus jardins uma apresentação do ‘Rancho da Lua’, um grupo
de Reis que “há cerca de 46 anos não se apresenta de público”. A matéria Rancho da Lua Ressurge após 46 anos Sem
Função ganha destaque na edição do Diário
de Notícias, no dia seguinte. Assim abre a matéria:
“Constituiu um espetáculo de
beleza poética e musical, dentro de uma atração folclórica simples e brejeira,
a exibição, ontem à noite, na Escola de Teatro, do ‘Rancho da Lua’, que há
cerca de 46 anos não se apresenta de público. Por iniciativa da Escola de
Teatro e com a decidida ajuda do magnífico reitor Edgard Santos que imprime à
universidade um sentido dinâmico e democrático, foi fomentado o ressurgimento
do ‘Rancho da Lua’, uma vez que as suas principais figuras ainda vivem entre
nós, inclusive o mestre Hilário das Virgens, um dos chefes do Rancho”.
A ampla
reportagem segue explicando “O que é o Rancho da Lua”, informa a diferença
entre o Terno de Reis (“mais sério e aristocrático”) e o Rancho (“mais pandego
e democrático”), ressalta que Nina Rodrigues já estudou sobre o assunto em Os
Africanos no Brasil, reproduz as cantigas do Rancho da Lua e, sobretudo,
destaca ainda que outras “exibições na rua serão patrocinadas pela Rádio
Sociedade”. A Rádio Sociedade pertencia à rede Diários Associados na Bahia,
rede de Assis Chateaubriand, governada no estado por Odorico Tavares, homem que
apoia Martim e em seguida, depois que o diretor teatral alcança um verdadeiro
supra-poder nas instituições baianas, rivaliza com ele. Para encerrar, o texto
informa que as apresentações ocorrerão pelo programa ‘Sociedade nas Praças’ e
que a próxima execução será no domingo, na Praça da Piedade, as 19h30. Dia
seguinte, 11 de dezembro de 1958, o mesmo jornal, o Diário de Notícias, publica um foto-legenda onde se vê um boi e
cantadores do Rancho sob o título Rancho da Lua na Piedade, domingo. Segue outra
nota na íntegra:
A exibição, na Escola de Teatro
da Reitoria (sic), do ‘Rancho da Lua’, se constituiu um espetáculo de rara
beleza poética e musical, despertando por essa razão, grande interesse.
Completando este sucesso, conforme já foi divulgado, a Rádio Sociedade da Bahia
possibilitará ao público tomar conhecimento com este ‘rancho’ que reaparece
após 46 anos sem função. Em entendimentos com mestre Hilário das Virgens, ficou
acertado ser a primeira destas apresentações no próximo domingo, as 19h30, na
Praça da Piedade. Nesta ocasião, o Rancho da Lua dará uma exibição completa de
suas danças e cantigas, num palanque que será armado pela Diretoria de Turismo.
A minha pesquisa
não seguiu acompanhando pelos jornais as apresentações do ‘Rancho da Lua’ pelas
praças de Salvador em 1958. Em 1960, a Escola de Teatro volta ao tema, encenando,
agora com alunos, um terno de reis na peça Uma
Véspera de Reis na Bahia, outro texto de Arthur Azevedo, que fica em cartaz
entre junho e julho de 1960, no Teatro Santo Antonio. Acontece que já no início
de 1961, o Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal, órgão dirigido por
Carlos Vasconcelos Maia, homem próximo a Odorico Tavares, promove apresentações
de ternos de reis pela cidade, como se pode ver pela matéria Prefeitura Liberou Verbas e Desfile está
Assegurado – Ternos Reviverão o Antigo Esplendor: Festa de Reis, publicada
no Jornal da Bahia, em 03 de janeiro
de 1961. Contudo, no texto as festas de reis AGORA são assim apresentadas:
“As festividades dos ternos de Reis e dos
bailes pastoris que estavam quase desaparecidas, renasceram ano passado graças
ao interesse do Departamento de Turismo da Prefeitura, que é responsável ainda
este ano pela organização do desfile”.
Gente, não há
a menor lembrança/citação da Escola de Teatro ou do evento e peças de Reis capitaneados
por ela um/dois anos antes!! Os eventos que tinham trazido dos mortos as festas
de Reis!
Na dissertação
de mestrado Abertura Para Outra Cena –
Uma História do Teatro na Bahia a Partir da Criação da Escola de Teatro
(1946-1966), de Raimundo Matos de Leão, aprovada pelo PPGAC/UFBA, em 2003,
o Rancho da Lua é associado a uma atividade oriunda da Escola de Teatro, como
já o fizera 12 anos antes o professor Nelson de Araújo. Contudo, Leão não
relaciona (e nem Araújo) o conjunto das
atividades de reis promovidas pela ET entre 1958 e 1960 com a posterior
realização das Festas de Reis promovidas pelo Departamento de Turismo da
Prefeitura Municipal de Salvador, a partir de 1961 e ATÉ OS DIAS DE HOJE. Tais
atividades continuam de forma ininterrupta a partir de 1961? Sempre na Lapinha?
O que ocorreu com o Rancho da Lua? Por que nessa matéria de 1961, ao menos, não se fez referência
à promoção de eventos e peças recém-realizados pela ET dois anos antes???? Por
causa da campanha anti-Martim já iniciada pelos jornais de Odorico!!!! Por isso
que Vasconcelos Maia, homem de Odorico, não reconhece também essa autoria de um
trabalho de Martim/ET??????
5)
Teatro Vila
Velha – Vamos na jugular? Todo o imaginário popular, de pesquisa do
popular mais tarde acionado como sendo ‘coisa
do TVV’, a marca mesma do Vila, era algo que pertencera de origem à série
de múltiplas atividades
realizadas por Martim e a ET. O primeiro espetáculo de cordel da Bahia foi obra
da ET (Graça e Desgraça na Casa do Engole
Cobra, uma adaptação de Francisco Pereira da Silva, para o folheto de
Manoel Camilo dos Santos, e não me importa que DEPOIS os Novos montem ‘cordéis MESMO’
e não textos adaptados. A verdade é que a pesquisa sobre cordéis já estava e
muito manifesta desde a ET e nos próprios textos de Martim de 1951!); E quanto à
busca do Teatro dos Novos pelo teatro na
rua e pelo medieval, com autos católicos, enquanto não arranjavam um teatro...?
A mesmíssima solução poética
de Martim, antes da construção do Teatro Santo Antônio. É preciso estudar a
sério a história dos Novos entre 1959 e 1964, ano de inauguração do Teatro Vila
Velha, para ver como isso acontece. João Augusto só se torna uma figura pública
reconhecível pelos jornais baianos beeem depois DA SAÍDA/EXPULSÃO de Martim
Gonçalves de Salvador, por causa das campanhas jornalísticas (do A Tarde e da rede inteirinha dos Diários Associados = jornais + TV
Itapoan; da instituição universitária que tinha dificuldades políticas em
manter Martim e dos seus desafetos pessoais). Martim e João Augusto nem se
equivaliam em força, gente. O verdadeiro embate entre cabeças que ocorre
intra-muros da ET, ocorre entre Martim e Gianni Ratto! Por algo escraboso que
apenas as histórias mal-contadas tornam possível, com o tempo Martim virou “o oponente”
de João Augusto no imaginário artístico baiano! Que eles se desentenderam é
fato, mas Martim não ficou ‘rivalizando com João Augusto’... Martim Gonçalves simplesmente
o demitiu. E, segundo documentação oficial coletada até o momento, foi o único
professor demitido da ET daqueles anos! Os outros simplesmente acabaram seus
contratos temporários de um ano e não quiseram continuar ou NÃO foram
renovados.
O que mais
dizer após essa listagem? Como vocês acham que eu, uma atriz que vivi minha
vida artística inteira na Bahia ouvindo verdadeiras BALELAS sobre Martim Gonçalves, me senti? Sabendo que a
melhor defesa pública que existia sobre ele era que: “Não... Martim também
montou autores brasileiros!”? Sinceramente? Eu tive vontade de vomitar, eu tive
horror e tive vergonha. Sim. VERGONHA de nós, mentalidade baiana:
irresponsável, canalha e hipócrita. Será que é esse o mesmo sentimento que
agora cala tão profundamente todos aqueles que sabiam de, se não de toda essa
história escabrosa, de boas partes dela? Vamos ouvir os inocentes.