quinta-feira, março 31, 2011

Parabéns, senhor prefeito, pelo nosso aniversário!!!

O prefeito de Salvador está de parabéns. A nova coreografia do Balé Municipal, acompanhada da Orquestra Sinfônica da Cidade de Salvador, embelezou ainda mais nosso novo Teatro Municipal.

Este espaço, recém inaugurado, caiu como uma luva pra cidade. Localizado no centro de Salvador, as dez salas de ensaio, o espaço experimental, com capacidade pra 300 pessoas, e a sala principal, com um total de 1.200 lugares, acabou vindo na esteira da criação da Secretaria de Cultura do Município.

Com o novo recapeamento da cidade, que agora conta com ruas asfaltadas em nível internacional, pode-se chegar ao Teatro Municipal através dos bondes modernos que foram criados para interromper o fluxo contínuo de carros. Agora, com esses bondes, basta se deixar o carro ou chegar de ônibus ou metrô no estacionamento subterrâneo, e de lá passear pelo centro admirando a reforma que trouxe uma nova vida à cidade.

Com a interrupção do desmatamento, nosso prefeito seduziu as construtoras a revitalizar prédios antigos, ao invés de construir mais e mais coisas, numa ação que era totalmente burra; deixava-se imóveis belíssimos, espaços obsoletos no centro pra fugir para a periferia da cidade, fazendo fronteira, já, a outros municípios.

Fiquei também orgulhoso de ver como todas as nossas praças foram reformadas. A ideia de fazer anfiteatros e barraquinhas nas praças, retirando ambulantes das ruas, acabou por trazer as famílias de novo ao seu passeio de fim de tarde, às atrações de final de semana porque, sim, a Secretaria de Cultura passou a incentivar as artes da cidade e não tem final de semana que não haja programação de boa qualidade nas praças.

As novas lixeiras, banheiros públicos e passeios planejados vieram a deixar mais belo ainda o projeto das novas barracas de praia. Pistas de ciclismo, boa acessibilidade, tudo isso transformou a orla de Salvador num espaço moderno e sedutor.

A política de incentivar uma urbanização limpa e pensada já há tempos cessou com os engarrafamentos. Pouca gente pensa em sair de carro de sua casa, pois a interligação entre metrô, ônibus climatizados e bondes modernos, funcionando de forma regular até às 2hs da madrugada, trouxe menos barulho, menos poluição e menos violência e mortes no trânsito.

É bom ver que agora as pessoas vêm a Salvador pra assistir sua arte, apontando para o futuro. Viramos uma referência em todos os ramos da arte e o Museu de Arte contemporânea inaugurado há pouco tempo nos colocou de novo no cenário internacional de forma sensacional.

Foi-se o tempo em que as pessoas vinham ver aquela cidade folclórica, de gente suja e pobre, de arte tosca e carnaval desorganizado. O prêmio concedido pela UNESCO ao planejamento feito no nosso último carnaval trouxe investimentos e o carnaval do ano que vem promete revolucionar a economia local. Agora, as pessoas não vêm mais para o carnaval, elas aproveitam o período para assistir bons espetáculos, coreografias, ver nossa orquestra e balé no Teatro Municipal. O incentivo da Secretaria de Cultura do Município à música local potencializou nossa criação e hoje dificilmente se consegue assistir apresentações musicais se não se comprar o ingresso com antecedência. Os grupos instrumentais de Salvador acabaram por esvaziar as grandes bandas de carnaval devido à demanda dos espaços novos, dos anfiteatros nas praças, o soteropolitano, depois dessas iniciativas do governo, passou a consumir todo tipo de arte local e paramos de ser os provincianos que ficavam atrás de xous de Lenine, Ana Carolina, etc., bem como espetáculos de globais. Com os novos incentivos da prefeitura, a produção local tomou um gás e hoje em dia está difícil achar espaço pra atrações de fora, visto que o prestígio local dos artistas vêm lotando teatros e praças.

Claro que tudo isso se deve, também, à revolução na educação. A qualificação, reciclagem e capacitação dos professores, que tiveram aumentos na ordem de quase 300%, tudo isso acabou se refletindo nas salas de aula. As escolas municipais, reformadas, ficaram mais atraentes e uma geração de meninos preparadíssimos começou a surgir. Grandes professores da rede privada migraram, devido às condições e metas da prefeitura, para o ensino público e uma pequena revolução foi feita.

Muito se poderia falar, parabenizando nosso prefeito. Não citei nem metade. Mas, pra eu não perder a fama, faço aqui uma crítica da minha área, a arte.

Com essa urbanização fantástica, essa revolução na educação e o surgimento de novos teatros, espaços e museus, nossa produção aumentou muito. O governo conseguiu dar conta disso através de recursos próprios e acordos com a iniciativa privada. Temos, hoje, vários grupos de teatro, de dança, grupos musicais residentes em espaços públicos e privados, com programação constante e rica. Nossa orla virou referência nacional e nosso sistema de transporte, também. Com o fim da violência urbana, o soteropolitano passou a sair mais, ter mais tempo com trânsito livre, passou a frequentar mais a cultura local.

Sim, e qual é a crítica? O problema é que a maioria dos teatros está com as temporadas dos grupos de dança e teatro esgotadas. Essa ideia de vender ingressos pra temporadas inteiras está afastando o turista. Precisa-se de uma política pra que o turista que chega num de nossos novos hotéis baratos e confortáveis possa curtir a cidade e sua cultura. Referência que somos, agora, de arte, as pessoas vêm aqui assistir nossas criações e não acham ingressos. Claro que sempre haverá opções, com as barracas de praia novas, nossa orla fantástica, todo o sistema turístico implantado na cidade... Ah, não falei dele!

Bem, o NST, Novo Sistema Turístico, aliou  avançado sistema de transportes, a revitalização das praças, calçadas, a criação de banheiros públicos, lixeiras, barracas para atendimento, tudo isso se juntou a um mapa turístico pensado da cidade. Hoje em dia, você chega em qualquer lugar histórico da cidade e encontra um sistema informatizado com toda a história do local e explicando como foi o processo de revitalização do entorno. O mesmo sistema está sendo implantado, agora, nos espaços culturais da cidade. Mas isso seria um outro texto.

Senhor prefeito. Não adianta criar um teatro municipal maravilhoso como esse, subvencionar as artes, revitalizar monumentos, espaços, praças, ter um sistema de transporte qualificado. Como o turista poderá usufruir disso? Quis assistir à nova coreografia do Balé da Cidade de Salvador e a mulher da bilheteria disse que os ingressos para a temporada 2011/2012 estão esgotados. Eu, como soteropolitano, não estou tendo chance de ver o balé da minha cidade, a orquestra da minha cidade. Imagine o turista?

Parabéns, senhor prefeito. E espero que um dia você exista. Porque a atual conjuntura é desesperadora e as perspectivas dos próximos prefeituráveis são péssimas.

Parabéns, senhor prefeito. E conte com meu voto.



GVT.

sexta-feira, março 25, 2011

O amor sem tempos de cólera


Deixe ela entrar era um daqueles filmes que, sempre que alguém comentava, eu ficava com vontade ver. Mas passado um tempo, eu esquecia e deixava o filme sair da minha cabeça.

Dessas TVs por assinatura, aproveito praticamente o futebol, os desenhos animados de Seth MacFarlane e os programas do History Channel e do National Geographic. Tenho aversão a seriados e não gosto da imposição de horários dos filmes que, sem aviso da empresa, muitas vezes me pregam a peça de serem filmes dublados.

Pois hoje um canal de filmes anunciou Deixe ela entrar, filme sueco que haviam dito pra mim que era um filme sobre vampiro, filme de terror, sei lá o que mais. Na descrição do canal, eles botaram “romance” e eu pensei; que idiotas. Ao final do filme, vi que o idiota era eu.

O filme não é de terror, não é de suspense. É um filme sobre o amor, da forma mais pura que ele pode aparecer; acontecendo.

Centenas de filmes são despejadas no mercado mundial por semana, e boa parte deles tenta pegar o espectador pela emoção, pelo sentimento. São filmes comerciais, praticamente todos, que são alçados a algo mais valioso porque tocam as pessoas, porque tratam de assuntos que as pessoas se identificam e, no fundo, querem ver, ouvir aquilo.

Assistindo a um episódio de American dad, do qual um dos criadores é o Seth MacFarlane citado acima, vemos o alienígena do desenho fazendo um papel de vilão que quer matar o mundo todo de emoção. Ele havia criado um filme que faria as pessoas chorarem até morrer. Era um filme de um retardado mental judeu que tinha um cachorro com câncer. Enfim, uma sátira mais do que óbvia dos artifícios usados pelo cinema, em geral, pra emocionar, tocar e ganhar Oscar.

Por isso, também, e, talvez, principalmente por isso, são filmes descartáveis. A arte que eu acredito não se encontra na esquina. Uma obra se torna especial pelo que ela traz de incomum, pelo ângulo diferenciado que ela vê a realidade, pelo deslocamento de perspectiva que provoca algo que seja mais do que lágrimas rasas, risos bobos e adrenalina excitante nas veias.

Deixe ela entrar é um filme que fala de amor, e do amor mais puro que pode existir. Não aquele pré-fabricado, pré-moldado, pré-estabelecido pelas convenções, pelos clichês, pelas regras de conduta moral, social e religiosa. É um amor que tem que ser como é o amor; espontâneo, puro, sem conceitos nem preconceitos, sem regras nem receios.

A menina é uma vampira. Mata pessoas para chupar seu sangue. Ela precisa disso. Antes de realmente o menino descobrir que sua amada é uma vampira, ela diz por duas ou três vezes que ela não é uma menina. Ele diz que a quer mesmo assim. Em nenhum momento, se entra na discussão babaca de crises da vampira porque ela terá eternamente doze anos e ele envelhecerá e morrerá. O menino não julga os assassinatos da menina. Não há, no filme, momento algum onde a voz dos adultos nos mostre o que é correto, nos dê lições de moral e nos mostre os caminhos do amor. Os adultos são histéricos, egoístas, frágeis, tensos, alcóolatras, insensíveis.

Os meninos, não. São eles mesmos no que o amor pode lhes deixar ser sem culpa ou medo, receio ou dúvida.

Há uma cena, no filme, que carrega toda uma simbologia. O menino corta sua mão pra fazer um pacto de sangue com a vampira. Ela fica doida com o sangue dele, lambe o chão onde pingou o líquido e manda ele ir embora. Ela sai correndo desesperada, porque poderia ter matado ele, tentada pelo sangue. Mas também porque um pacto de sangue poderia matar o amor deles. A ideia de eternidade, de laços profundos talvez trouxesse ao amor o peso que ele não tem.

O amor é leve, como os voos da menina. Acontece porque houve o olhar, a vontade, a verdade daquele momento. Não se fala em passado. Não se fala em futuro. Não se fala nos outros, em quantos, em quais, nos porquês e nos senões. Eles apenas se amam.

Deixe ela entrar é um romance. Fala de diferenças. Fala de intolerância. Fala de preconceito. Fala do inevitável. Fala da vida. Haverá uma refilmagem roliudiana do filme. Quero ver o quanto os estadunidenses matarão a amoralidade do filme. As quatro primeiras letras da palavra amoral são a m o r. O prefixo “a” entra para negar a moral e se reinventar fora dela.

O filme não é uma obra prima, cai em alguns clichês, se excede nas músicas de fundo. Mas no que ele realmente pretende focar, ele pega na veia. Como a menina, que deixa morto um cara que vai se vingar da morte do amigo e, ao tentar matá-la, o menino atrapalha a ação a tempo de a vampira voar no pescoço dele e matá-lo. E sugar seu sangue. E pronto. Não há discussão sobre o “devia ou não devia ter matado”. O que eles fizeram ou farão. Eles não estão interessados nisso. Estão mais preocupados em olhar o mundo com olhos ainda de crianças e ficar brincando de se comunicar pelo Código Morse.

E ficar, espontaneamente, decifrando o código do amor.


GVT.

quinta-feira, março 10, 2011

Carnaval dos animais


Havia acabado de escrever um texto sobre a “síndrome de Peter Pan” que acomete Salvador, essa vontade de não crescer, e caio no carnaval da cidade.

O carnaval de Salvador é um simulacro, em sete dias, do que é a cidade o resto do ano. Uma soma da inoperância e falta de planejamento dos poderes públicos, um domínio voraz de empresários que fazem o que bem entendem e de forma tosca e a selvageria de um povo que, há muito, parece ter perdido a delicadeza.

Peço, então, que o que se lê aqui sobre o carnaval sirva, guardada suas proporções e alvos, como uma metonímia dos outros 358 dias de civilização e barbárie.

Salvador tem que profissionalizar seu carnaval. E o que seria isso?

Há anos vamos empurrando nossa maior festa sem planejamento, organização e planejamento urbano para o real funcionamento da folia. Como já foi estudado em pesquisas, o carnaval de Salvador é mais pra turista que pra soteropolitanos, visto de mais de 60% deles preferem ficar em casa, outros tantos viajam e a cidade se infesta de estrangeiros, sulistas, mineiros e por aí vai.

Primeiramente, tem-se que ter uma organização pensada, que vá da ordem dos desfiles a cumprimento de horários e tempo de percurso. Passando pela escolha das atrações dos trios independentes e seus artistas, bem como apoios a blocos afros e adjacências.

Não dá pra deixar um bloco da beleza do Ilê Aiyê desfilar na avenida de madrugada, assim como não dá pra se jogar dinheiro fora com afoxés e blocos afro que têm meia dúzia de três ou quatro pessoas que conseguem patrocínios por que “mantêm a tradição das nossas raízes blablablá”. Não dá pra deixar desfilar um trio independente, como eu vi alguns, sem ninguém na pipoca, enquanto o projeto Três na Folia, o Baiana System, artistas da cena local ficam à mercê de convites e xous no Pelourinho; que acho bacana, mas não é carnaval de rua, atrás de um trio, e mesmo assim muitos ficam de fora. Seria preciso repensar a sequência das apresentações para intercalar um bloco com um trio independente, e assim contemplar todos, ou algo do gênero. Pensar o circuito, sua sequência de atrações, um planejamento justo e por mérito.

Segundamente, deveria haver um acordo entre os empresários dos camarotes e os poderes públicos. Tudo bem que o camarote é aquele esquema de “todo mundo na praça e muita gente sem graça no salão”. Ou, como na canção “Carolina”, de Chico, pessoas que ficam vendo o tempo passar na janela. Música eletrônica, animação zero, ou, quando há, algo meio fora do que é o carnaval. Passei por vários, pulando, e vi um monte de gente debruçada com cara de nada, mas deixa pra lá. Os camarotes existem e não dá pra ser bobo de ficar com um discurso “abaixo os camarotes”. 60 demais. O que se precisa é organizar, dialogar, fazer troca de benefícios com a cidade.

Nada contra os camarotes que ocupam casarões, andares de prédios e de bares. Mas as megaconstruções que atrapalham, espremem e enfeiam o circuito mereciam ser limitadas urbanisticamente, e construídas num prazo mínimo, sob pena de multa. A cidade parar um mês antes pra construção de mondrongos que beneficiarão o capital privado é algo louco, absurdo. Se fosse ao menos para obras públicas, que beneficiariam a população com um todo... Enfim, fazer o que? Propor aos camarotes que em seus andares térreos fossem construídos postos de saúde, banheiros, propostas de utilidade pública. Por que não a instalação de câmeras no circuito, que poderiam ficar ali para futuramente ajudar na segurança das ruas? O simples pagamento de imposto não serve, sabemos que é um poço sem fundo e, entre sonegação, fiscal corrupto e políticos que desviam verbas, sabemos que pagar imposto é um benefício que garante, no máximo, o exorbitante salário que os políticos ganham para, em sua maioria, fazer apenas pelo seu bolso e partido, e nada pro povo.

Terceiramente, quero falar das empresas patrocinadoras e os governos estadual e municipal. O grande nó. A tragédia.

O carnaval de Salvador precisa de organização. Pensada. Planejada. Precisa que as transversais dos circuitos, os chamados “becos”, sejam áreas de livre circulação, proibindo isopores, foliões parados para observar a folia. E com banheiros públicos dos dois lados. Banheiros públicos mais viáveis, com canaletas e uma porta única, para complementar com os químicos, para necessidades maiores e para as mulheres. E banheiros do Itaú, da Schin, da Credicard. Ao invés de balões, leques e aqueles porretes chatíssimos infláveis, que os babacas usaram nesse carnaval de forma insistente e desagradável, essas empresas tinham que patrocinar banheiros públicos. As cervejarias deveriam criar espaços para venda de cerveja, e receptáculos para se jogar as latinhas. Por que não imaginar uma festa com pessoas jogando lixo no lixo? Precisa a barbárie de mijar e jogar latinhas no chão?

O lucro é muito grande. Mas só se pensa no lucro, nunca nos benefícios que poderíamos ter. Quando acontece uma copa do mundo, uma olimpíada, a cidade sempre fica com estruturas, construções e resoluções urbanas como herança, há sempre benefícios para a cidade. Com nosso carnaval, que é anual, teríamos que ter o mesmo. Imaginem 10 anos de carnaval com benesses para a cidade como banheiros públicos, estruturas de segurança, planejamento da funcionalidade dos serviços?

Em algumas capitais, para se pegar um táxi comum, tem-se que se dirigir a um guichê, onde o preço por local é tabelado, e de lá a pessoa é encaminhada ao primeiro da fila de táxis. Impossível fazer o mesmo em pontos estratégicos da folia? Não, falta vontade política. Falta se pensar a segurança do carnaval com prevenção, com postos de observação, policiais infiltrados em blocos, atenção a grupos que, claramente, estão à procura de confusão. E não aqueles brucutus empurrando a gente com cassetetes e socando e estapeando as pessoas (algo que às vezes é inevitável, não sejamos politicamente corretos para ter pena de vagabundo excessivamente, também, até a hora que acontece com a gente).

Bem, eu poderia falar do quanto as cordas de bloco, a segregação provoca a violência, visto que saí em trios sem corda e não vi confusão. Poderia esculhambar mais com camarotes. Falar da iniciativa de Saulo que deveria ser obrigação de todos os artistas, sair um dia sem cordas pro povo como contrapartida por usar a via pública para encher as burras de dinheiro. Poderia falar do babaca que, em pleno século XX, ainda vê cor e opção sexual como questões que diferenciam os homens, na cena deplorável com Márcio Vitor. Mas isso muita gente já falou demais; o que acho importante e fundamental.

Eu quis, aqui, apenas sugerir e provocar coisas que fogem ao meu controle, pois sou um ignorante quase completo em termos de organização, produção e urbanismo. Mas que ao menos as asneiras que eu falei possam provocar alguém a repensar nosso carnaval de forma profissional. Mesmo com tudo isso, vi muitos se manifestarem dizendo que esse foi o melhor carnaval de suas vidas. Eu também adorei. Mas é preciso profissionalizar nosso carnaval, vê-lo como um investimento para a cidade, para o turismo, para a cultura. Não deixar ele ser essa bagunça vergonhosa que foi esse ano. Essa porcaria institucionalizada. Essa desorganização que muitos querem que seja nossa forma de ser.

Aliado a tudo isso, ainda há o comportamento cada vez mais bárbaro, bruto, deselegante, maleducado, porco e desleixado que é o espetáculo dado pela nossa população de todos os níveis sociais. Não podemos fazer vista grossa a esse lamentável fato de que não colaboramos em nada com o bem geral. Como disse no texto anterior, queremos sempre culpar governos, empresas, mas macaco não olha o próprio rabo, e precisamos tomar consciência e sermos mais delicados e gentis com os outros. Gentileza gera...

Bem, o carnaval é um investimento. Onde, por enquanto, as empresas investem em si; os governos disfarçam ações; a elite se isola em cordas e campos de concentração; e o folião se mascara de alegre e deixa a banda passar...

E, com licença, que depois da maravilha que foi Moraes Moreira, Armandinho e seus irmãos e mais alguns, vou ali ouvir Saint-Saëns, se é que me entendem...


GVT.

ps: Desculpem pela dimensão do texto... E ficou tanta ideia de fora...