quinta-feira, julho 30, 2009

uma charada apropriada ao momento...

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A palavra que define os deputados está entre seus dedos.

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sexta-feira, julho 17, 2009

Jacques Wagner; sou viúva? Porém, honesta


Jacques Wagner; sou viúva? Porém, honesta
Ter, 14 de Julho de 2009 20:56
(texto originalmente publicado na coluna Teatro & Cidade do site www.noticiacapital.com.br)

O Exmo. Governador da Bahia, o sindicalista Jacques Wagner, chamou um grupo de artistas, que contestavam a atual política cultural do Estado, de viúvas do carlismo (leia-se, coronelismo baiano a partir do político Antonio Carlos Magalhães). Com essa pedrada digna do presidente Lula, quando escorrega feio em suas colocações, Wagner comete uma imensa estupidez e burrice.

Como bem disse Jussilene Santana, vivemos num eterno BAxVI (http://www.teatronu.com/2008/06/esttica-ba-x-vi.html). A questão, nesse caso, se tornou – para o governador – a guerra dos petistas ignorantes artísticos e desestruturados contra os favorecidos pelas benesses de um governo que elegia os escolhidos e os alijados.

Talvez como sindicalista, como oposição, desatar a falar certas ofensas funcionasse muito, mas no caso, senhor governador, a sua inabilidade política é constrangedora e estrategicamente errada.

Há uma insatisfação geral na classe teatral. Nunca ganhei um edital nos governos carlistas, vim ganhar dois agora, mas respondo por uma realidade, e não por necessidade pessoal – ao contrário de muitos que enfraquecem seus discursos porque reclamam pelo fato de não estarem ganhando ou sendo favorecidos; e isso enfraquece qualquer movimento que não sabe, ao certo, o que contestar.

Um dos pontos principais da reclamação geral vai se encontrar com a declaração infeliz do petista. A duras penas, o teatro em Salvador conseguiu um diálogo mais efetivo com as empresas privadas. Como bem dizem os gestores culturais do atual governo, os artistas precisam sair dessa total dependência do estado. Ou seja, buscar a iniciativa privada (ou assaltar bancos e trabalhar no tráfico de drogas?), pra com ela conseguir uma sustentabilidade que não faça do artista um necessitado de dinheiro público o tempo todo. Vale ressaltar que só na Broadway os artistas conseguem uma total independência do estado, e nem sei se continua assim, assim como penso que não é esse modelo de arte a que os gestores se referem.

Com erros, acertos, favorecimentos e – há que se registrar – com competência, alguns artistas e produtores conseguiram estabelecer esse diálogo aos poucos. De forma ainda frágil e sem uma total independência do governo. Com as atuais declarações de que o Fazcultura estava funcionando às margens de uma ilegalidade, e com a perseguição a certos artistas e produtores locais, com declarações estapafúrdias, com o desvio do foco para a arte soteropolitana, as empresas se afastaram, as peças diminuíram suas apresentações, projetos foram diminuindo, artistas foram ficando fora dos palcos, muita coisa ruim acabou sendo legitimada por editais e pela benevolência em incentivar o artista pela sua condição de coitado, e não de artista. E assim, nessa bola de neve, o teatro retroagiu sensivelmente.

Salvador vive num hiato. Um fosso entre os grandes centros urbanos e as capitais de menor alcance de realização. Não conseguimos nos tornar uma capital madura artisticamente, com uma arte pujante, as empresas se interessando em patrocinar a arte, espaços culturais diversos, patrocinados pelo capital privado, um SESC com poder de fogo, grandes realizações artísticas e de grande porte financeiro, projeção nacional e até internacional de seus grupos e trabalhos individuais, etc. Nem tampouco somos aquela capital de poucos eventos, amparados pelo Estado e pela Prefeitura, com uns dois ou três artistas de destaque que recebem patrocínio e são adotados pela cidade, com grupos poucos – geralmente amadores e/ou universitários – abrigados na estrutura dos governos, dos SESCs, dos SESIs.

Sou viúva de Edgar Santos e Anísio Teixeira, que resolveram modernizar as artes daqui, trazendo grandes nomes. E renovar num sentido real, não no sentido que uma mentalidade que paira sobre a cidade tem, que é acabar com o estabelecido pra voltar a se fazer o teatro da década de 60; ignorância e burrice da nossa gente de agora.

Chegamos a ser referência nacional, mas golpes, mudanças de governo e desastrosas gestões da cultura dessa cidade destruíram um projeto que exilou dessa província – que, tal um personagem de histórias infantis, tem medo de crescer – alguns de seus maiores talentos, por estes não suportarem a falta de reais perspectivas de realização artística.

Ao invés de alimentar a eterna picuinha que atravanca nosso progresso, o Governador do Estado da Bahia poderia estar procurando meios de atrair a iniciativa privada e botar em foco a outra arte produzida nesta terra; pois há certo tipo de arte que desenvolveu sua relação com o mercado e não precisa e nem devia depender do estado em absolutamente nada, devia era pagar os impostos devidos, ao menos.

O governador poderia cobrar dos gestores da cultura em nosso estado que a produção artística merece uma atenção diferenciada – nem mais, nem menos – e deveria entender que, fortalecendo nossa arte, estamos elevando a cultura do povo, os bens imaterias adquiridos por uma população, estamos empregando artistas, técnicos, estamos mobilizando um outro tipo de turismo, estamos avançando no processo civilizatório ao qual estamos inexoravelmente ligados; e fugir dele é atraso, e não combate.

Temos uma cidade com enorme potencial artístico que é ignorado pela iniciativa privada, é negligenciado pelo Estado e esquizofrenicamente esquecido pelo Município. Não há como pensar em auto-sustentabilidade, em autonomia, em independência, em fortalecimento, se nenhuma instância se interessa pela arte. Somente uma real política cultural da prefeitura e do governo estadual, aliada a uma saudável pressão do poder público frente ao investimento privado, poderão despiorar o atual quadro. Articulações, negociações, tudo isso pode ser feito para que tenhamos um CCBB, um Teatro Oi, um Espaço Petrobrás, para que tenhamos editais privados, pequenos festivais, circuitos alternativos, investimento real na cultura dessa terra.

E não será com declarações estúpidas que conseguiremos isso.

Que imenso tapa de luva
Levou a arte, surpresa
Não sabe por que é viúva
Wagareza ou malvadeza?

TRÉPLICA AOS 15 PONTOS DA SECULT



Como muita gente sabe, atualmente me encontro no Rio, com uma filhinha de dois meses. Apesar do pouco tempo e da distância, venho acompanhando com grande expectativa o debate da classe artística - sobretudo de sua representação teatral - com a Secult.

Espero que a proposta de uma comissão de artistas não tenha se arrefecido mas, pelo contrário, que seus representantes tenham analisado o texto de "Esclarecimento aos 15 pontos" como o documento transitório que é e que de forma alguma sentencia respostas definitivas para a área.

Tendo está idéia como norte e percebendo que tais esclarecimentos na verdade se desdobram numa série de outras questões para a administração do fazer artístico na Bahia, venho aqui lançar algumas perguntas à guisa de tréplica ao debate.

Apesar do sentido de URGÊNCIA, afinal estamos nos 45 minutos do segundo tempo deste governo, e ano que vem, com eleições, as coisas tendem a ficar caóticas, acredito que cada ponto deva ser discutido com certa autonomia, porque afinal eles precisam de ritmos diferentes de solução (de longo, médio e CURTÍSSIMO! prazos).


Por Jussilene Santana - junesantana@gmail.com

1.LANÇAR EDITAIS SEM VERBAS PARA REPASSE


Obviamente que não importa tanto se o termo técnico é "descompasso entre o orçamento programado e o fluxo financeiro para quitação dos pagamentos" e não o "não há verbas para repasse" utilizado...

O que interessa é: o que significa então a suspensão dos editais já lançados pela Funceb para o primeiro semestre de 2009? E o que significa os Editais Funceb 2008 (!!) só agora, em julho, terem recebido a verba de suas primeiras parcelas??

Se o dinheiro dos editais é montado via Fundo de Cultura e Tesouro Estadual, qual o percentual de cada um destes no montante? Sim, porque a parcela do Tesouro Estadual foi de FATO contingenciada e não será repassada para os editais...

Outra coisa: Quantas e quais são as empresas mantenedoras do Fundo? O governo está fazendo alguma coisa no sentido de ampliar este número? Ou trabalha com as mesmas da gestão passada? Porque se o Fundo de Cultura/editais são a menina dos olhos da política cultural deste governo eles NECESSITAM, entre outras coisas, de ampliação do número de empresas mantenedoras.

2. FECHAR MUSEUS E TEATROS


Claro que vamos nos ater aqui nos espaços administrados/apoiados pelo Estado, visto que a resposta foi dada pela administração Estadual...Mas A MESMA questão deveria ser lançada e pressionada à esfera municipal, que (se aproveitando?) patina lépida e faceira frente ao barulho provocado pelo choque da administração estadual na classe...

Em primeiro lugar, não sei até que ponto é uma resposta condigna o fato do Espaço Cultura Alagados e do Teatro Iceia estarem fechados desde antes de 2007, ou seja, desde a administração carlista...

Pelo contrário, ao iniciar o governo, esta gestão já deveria tê-los como prioridades já dadas e certas, não? Digo isso apesar de saber dos crônicos problemas do Teatro do Iceia, sobretudo pelo seu perfil que afasta(ria) a maioria das peças "profissionais" da cidade.

Mas como a prioridade do governo atual é, ACIMA DE TUDO, descentralizar, ambos os casos se encaixariam perfeitamente nesta proposta!

Agora, vamos aos prazos. Se o projeto de reforma de Alagados foi CONTINGENCIADO para 2009, isso significa que ele NÃO ABRIRÁ nesta gestão? É isto? Afinal, 2010, é ano eleitoral e etc, etc...E outra: Em que pé está a captação de R$ 8 milhões para o Iceia? E também QUANDO poderemos esperar algo dele?

E sobre o Xisto Bahia, palco com boa requisição por parte da classe e que faz falta na programação até então estabelecida na cidade, que está parado há dois meses por causa de infiltrações? Esta reforma está prevista com R$ 3 milhões do Minc para quando afinal?? Sobre o Solar Boa Vista abrir em setembro, resta fiscalizar.

Sobre os espaços privados apoiados pelo governo/fundo houve o citado "problema no fluxo financeiro para liberação dos recursos 2009". Mas, ao lado deste atraso do dinheiro público, atraso que praticamente inviabiliza a sobrevivência de instituições culturais privadas, acredito que o maior debate da Política Cultural deste governo ainda esteja por ser realizado: Como a cultura pode/deve sobreviver SEM o Estado? Ou SÓ com o estado?

Se PRECISA ter apoio de empresas de CAPITAL PRIVADO então, como o Estado DEVE aproximá-las mais das instituições culturais? E com que mecanismos? Visto que os de renúncia fiscal (como o FazCultura/Rouanet) foram/estão combalidos e combatidos nas esferas estadual e federal?

E se há POUCO DINHEIRO para todas as "instituições privadas que querem dinheiro público" como selecioná-las? Digo isto, porque o discurso da Secult/Ba me parece esquizofrênico: ora prega que os artistas e suas instituições se virem no "mercado" sem a "dependência total" do governo, ora coloca o governo como única tábua de salvação para sua existência...


Bom, vou postando as minhas outras questões nos dias seguintes, para não acumular a leitura e embotar a reflexão.

quinta-feira, julho 16, 2009

3. CONTRATAR ARTISTAS E NÃO PAGAR



Com relação à pendência do pagamento de artistas e técnicos, outra ação (des)motivada pela baixa arrecadação dos últimos meses, resta fiscalizar e continuar pressionando.

Mas gostaria de saber quantos artistas e quais valores estão em jogo e desde quando. Quanto é a CONTA, afinal? Alguém fez este levantamento mais+que+necessário? Sempre carecemos de números desta "economia da cultura" e, sem eles, o debate todo fica muito primário....

Novos contratos ainda estão sendo feitos, mesmo sem pagar os anteriores? Não preciso nem dizer o quanto um atraso de pagamento para quem vive de projeto, sem carteira assinada, é desestruturante...Desestabiliza o cotidiano.

4. AÇÕES CULTURAIS POLÍTICAS PARTIDÁRIAS




Olha, a quem estamos enganando? Que políticos tentem nos ludibriar com o canto da sereia até é compreensível, mas "NÓS" mesmos já deveríamos ter bastante claro o papel de nossa função na sociedade...

Mas sabe qual o problema nesta frase? O problema é o NÓS... Quem somos NÓS? Quem faz parte desta classe artística hoje?? Sendo mais humilde, então, QUEM é a classe teatral da Bahia? Tá, de Salvador? Acho que este é um outro debate fulcral a que todos que de alguma forma acham que fazem parte deste NÓS deveria enfrentar...

A principal crise que atravessamos não é econômica, mas de representação. Não só no sentido do que a representação diz sobre a legitimidade de quem NOS representa, mas na capacidade mesma de algo/alguém estar num lugar representando OUTROS...O que, infelizmente, nos lembra da própria crise do Teatro Ocidental... (Já escrevi sobre isto aqui no blog em http://www.teatronu.com/2007/07/onde-estamos-ns.html, Se alguém tiver um raro tempo extra, gostaria de convidar para esta leitura de viés, digamos, mais filosófico, conceitual).

Bom, voltando, o governo carlista se notabilizou por INSTRUMENTALIZAR A CULTURA a serviço da propaganda política de uma "Bahia que estava dando certo", e deveríamos ter aprendido mais sobre esta subordinação da cultura a projetos políticos! Os sucessivos governos do PFL encamparam as artes (teatro, música, dança, visuais...) que tinham como TEMA a baianidade e, com elas, produziram a imagem de uma geração. As mesmas artes, mas com outras temáticas, como é sabido, ficaram de fora. Um pesadelo. Já foi tarde.

E a Cultura do Carlismo nos anos 1990, na Era FHC, fez tudo isso praticamente utilizando apenas o mecanismo da renúncia fiscal (FazCultura) com uma obscura e questionável relação de empresas+Secult+produções. Uma caixa-preta que nunca foi devidamente encontrada. Ninguém aguentava mais aquela situação.

Governos de diferentes matizes em diferentes espaços e tempos costumam instrumentalizar a cultura a serviço de suas práticas, seja transformando a cultura em ornamento da sala de estar, seja utilizando-a como arma para provocar a revolução e abolir a diferença entre as castas...Até os jesuítas fizeram isso. Instrumentalizaram a cultura quando descobriram o Brasil à serviço da educação dos gentios.

Agora, quando o atual governo seleciona UM dos inúmeros conceitos de cultura (a saber, o conceito antropológico, inclusivo, que define a cultura como TODA e QUALQUER prática humana. "Acarajé é cultura; Feijoada é cultura..." Soube de projeto para o Fundo de Cultura pedindo verba para feijoada. E isso NÃO é uma gag), a cultura vira a porta de entrada para a inclusão de imensas camadas da sociedade, ela é escolhida como o mecanismo que pode por fim a todas as injustiças. Já que TODOS fazem cultura, Todos estão dentro! Mas e ARTE???

As linguagens artisticas e suas técnicas e práticas saem claramente enfraquecidas deste imbróglio... Claro que existem correntes dentro do próprio mundo artístico que, numa interdisciplinariedade, se servem do conceito antropológico da cultura, para fazer conexão com outras áreas do social.. Mas, note-se: fazer CONEXÃO! Conectar o SOCIAL com o que? Com o MUNDO da arte!! Para isso este, no mínimo, precisa existir! Habitado por técnicas, linguagens e práticas!! Práticas! Não de teoria...

Um dos problemas da Cultura/Wagner é ter recheado demais as camadas da Secult de teóricos....Cultura até se faz no papel, mas ARTE é PRÁTICA!!! É experiência técnica! Imagino que seja até difícil discutir sobre esta obviedade. Quem sabe disso nem fala, quem não sabe acha que é papo de imbecil...

Com medo do que aconteceu no governo Waldir, quando os quadros do Carlismo não sendo afastados continuaram dentro só que implodindo o novo governo, o PT acertadamente limpou a área. Mas, acabou, vítima do eterno BAxVI, jogando a criança fora com a água do banho...Tirou gente competente, técnicos eficientes que HAVIAM SERVIDO ao outro governo...

Uma das lendas que se fala de ACM é a de que ele tinha um faro incrível para a competência técnica. Nas secretarias de administração, planejamento, economia, cultura, educação ele mantinha os técnicos em seu devido lugar. O ambiente jornalístico é polvilhado destas histórias... E aí virava uma questão de consciência, de fórum íntimo, a instrumentalização da técnica, não é mesmo? A quem você serve com seus conhecimentos práticos.

O que acho de mais tragicômico, quase comovente mesmo, é quem embarca na feitura da Política-Cultural dos governos achando que não faz Política...

5. AFASTAR O PÚBLICO ESPONTÂNEO



Por vários motivos já levantados aqui neste blog - facilmente resgatados num rápido passeio por edições anteriores - um embrionário "mercado cultural" estava se estabelendo em Salvador, graças, sobretudo à questionada FazCultura. O que seria isso? Produções de qualidade, com boa publicidade, pagamento digno aos profissionais/técnicos, com temporadas mais longas e boca-a-boca garantindo pela constância das atividades. A interrupção deste modus operandi interrompeu a atração de um público, grosso modo, classe média, urbano, de diferentes idades e atividades, alheio à produção cultural.

Hoje, o novo público que há é endógeno, formado por quem já está trabalhando ou possui algum interesse na área. Meio que como era na década de 1970.

quarta-feira, julho 15, 2009

6.DESRESPEITAR E HUMILHAR ARTISTAS NOS PARECERES DAS COMISSÕES DO FUNDO E FAZCULTURA



Numa política cultural centrada na seleção de projetos através de editais a montagem de uma comissão avaliadora é o ponto capital. Quem são os pareceristas? O que fazem? O que sabem sobre a arte/linguagem em questão? Sobre seu COTIDIANO e ROTINAS? Estas seriam perguntas preliminares até para projetar que tipo de resultado PODE sair de dada comissão.

Apesar de não conhecer até o momento mecanismo mais democrático (sobretudo se compararmos à caixa-preta do governo anterior), não é raro sabermos histórias de abusos cometidos por bancas julgadoras. Isso acontece também naqueles júris montados para Editais ligados a Empresas, nos quais os membros da comissão às vezes são escolhidos de forma não-autônoma, de maneira a se pré-direcionar um tipo de escolha...

Não creio que este seja exatamente o parafuso solto da máquina da Secult. Mas ao saber que 1.717 projetos foram inscritos em 2008, ao contrário dos 147 projetos passados, dá para imaginar o tamanho da encrenca... Cada comissão é formada pelo que? Cinco, três pareceristas? Quantas 'gentes' foram necessárias? Multiplique-se... Onde elas são 'captadas'? São sempre as mesmas? Como são pagas? Quantos projetos cada um avalia? E durante quanto tempo?!

Quem não conhece do riscado não pode apitar um jogo de futebol sob o risco de perguntar "quem é a bola". Em relação à área de teatro, é extremamente desgastante ser chamado para explicar como funciona UM REFLETOR ou explicar como um ensaio PODE ser feito sem o texto-base estar pronto e coisas tais. Para muita gente, aí está o desrespeito.

E ainda se a banca é leiga DE práticas, ela tanto pode fazer perguntas óbvias para quem realmente compreende o traçado, como, mais grave, pode SE CONTENTAR quando ouve um ABSURDO dito com autoridade!

7. DEGRADAR O PELOURINHO



Sabemos pelo documento que a Secult LIDERA a CONSTRUÇÃO de um PLANO de Reabilitação que "pela primeira vez tem como foco a preservação do patrimônio cultural associada à sustentabilidade econômica e social, envolvendo 6 secretarias, governo federal, municipal e sociedade civil, Unesco". O PLANO será apresentado no final de 2009, em outubro. Resta checar... Mas e será EXECUTADO quando? Em 2010, ano eleitoral e etc, etc...? Jesus...

O governo estadual perdeu, com o Pelourinho, uma ótima oportunidade de mostrar que saberia trocar a roda com o carro andando...Mas, já vimos, não é assim que acontece na troca de governos. Há sempre a necessidade de fazer tábula rasa...De QUERER se começar do zero. De mostrar que tava TUDO errado e que "nunca antes na história...".

Enfim, não gosto de usar casos pessoais porque acredito que eles enfraquecem a argumentação. Nunca sabemos o que é UM exemplo e o que é EXEMPLAR...Mas foi em 2008 a primeira vez que fui assaltada no Pelourinho. Não piso lá sozinha mais, depois das 22h, de jeito maneira.

8. DEVOLVER MILHÕES DE VERBA ANUAL DA CULTURA POR FALTA DE USO



Se a Secult argumenta que, ao contrário, houve execução 25% superior em 2008. Que o Fundo de Cultura 2007 e 2008 comprometeu 5% a mais que o previsto, então é porque NÃO HOUVE devolução de verba. É isso? De onde tiraram esta acusação, afinal?

terça-feira, julho 14, 2009

10 e 11. FRAGILIZAR OS RECONHECIDOS INTERNACIONALMENTE BALE DO TCA e FOLCLÓRICO DA BAHIA


Quanto à questão dos balés, sobretudo do TCA, confesso que não tenho muito mais a acrescentar diante de tudo que já foi debatido na imprensa, nas reuniões...E acredito que os próprios membros de seus corpos tenham mais propriedade neste debate, sobretudo agora que a "poeira parece ter se assentado".

Percebo, porém, que o BTCA foi um campo por excelência no qual a TEORIA chegou antes e a passos largos... Toda a discussão levantada, de que os corpos estáveis mantidos pelos Estados estavam superados esteticamente não era e nem é um ponto pacífico no "mundo da dança". O que mais pesou aqui, sempre acreditei, foi o questionamento à estrutura de pagamento e de vínculo empregatício estável do Estado a um grupo de artistas. Em paralelo à esta questão administrativa, resta avaliar o NOVO BTCA por suas obras. Como foi a recepção e a crítica a estes quatro novos espetáculos?

Sobre o BFB receber R$ 400 mil/ano, em linhas gerais, voltamos à pergunta fulcral do início, de qual nível de dependência a produção cultural tem que ter com o Estado.

segunda-feira, julho 13, 2009

Teatro NU 2 de Julho

O Teatro NU foi cobrir a passeata dos artistas na comemoração do 2 de Julho. Confira alguns trechos e depoimentos.

quinta-feira, julho 09, 2009

Dançando com Jarbas e Matias...

Jarbas Bittencourt sempre me chamou a atenção, pelas direções musicais que fazia. Lembro de um espetáculo que vi e não gostei, mas que na época fiz questão de elogiar sua música, nas escadarias da Escola de Teatro. Ele estava naquela seleta lista dos que eu gostaria, um dia, de trabalhar.

Os tempos passam, começa uma amizade, e nada de trabalho juntos. Ficávamos naquela de “vamos fazer uma parceria”, e nada. Até que entramos no processo de montagem dos 40 anos do Vila Velha.

Vejo Jarbas ao piano, com uma letra na mão. Primeira crise; “Gil, estou precisando de um verso nessa parte aqui”. Eu fiz o verso. Segunda crise; “não sei como fazer essa música”. A essa altura, ele já fazia a levada do frevo ao piano e eu comecei a cantarolar “to crazy, to crise, atrás dessas atrizes”, ele foi acompanhando e assim saiu nossa primeira parceria, não creditada no texto publicado, mas acidentalmente sacramentada ali.

A vontade não passou. Programamos um xou juntos, no Vila, onde eu cometeria o crime de cantar. Acho que Hermes arrancaria minhas tripas pra refazer a lira, e o xou não foi pra frente. Mandei letra pra ele, mandei melodia, ele me mostrou umas coisas, mas não havia me entregado nada.

Eis que Cláudia Cunha, gravando, por favor, algumas canções minhas apenas para registro particular, decide colocar uma delas no VII Festival de Música Educadora FM. Sem lenço e sem documento, corremos atrás de parcerias. Resolvi arriscar Jarbas. Ele não só aceitou, como mandou um primeiro arranjo poucas horas depois, e na semana seguinte estávamos no Estúdio do Vila gravando “Dança”.

Fiquei realmente emocionado com a disponibilidade, criatividade, entrega e parceria que nós dois conseguimos. Ainda não foi dessa vez que viramos parceiros efetivos de canções, mas, como ele mesmo declarou, há tempos queríamos estar juntos em alguma coisa.

A música está disponibilizada, junto com as outras 49 classificadas, no site www.educadora.ba.gov.br, também aberta para votos a partir de um cadastro. Quem quiser conhecer o sítio, o arranjo, a música (e votar), vale a pena; há outras músicas (e boas). Esse é um festival que ao menos mobiliza a maioria da música baiana, alijada das rádios, dos palcos, em detrimento de um único vetor comercialóide que não vem ao caso explicitar.

Aproveito para registrar, num momento de notícias musicais do blog, que Matias Santiago, grande bailarino e coreógrafo baiano, resolveu montar uma coreografia com seu Balé Jovem a partir de minhas canções. Quem quiser saber mais, basta clicar: www.balejovemdesalvador.blogspot.com. Matias, que já passou pelo Grupo Corpo, de Minas, pelo Balé do TCA - que ainda resiste em Salvador, tem uma carreira incontestável.

A proposta do Bale Jovem merece atenção. É um trabalho independente que se tivesse sido criado numa cidade menos ignorante, num instante já teria recursos privados e públicos para sua existência e criação. Mas por enquanto, há só disposição. Nada de grana. Talvez a grana pra dança seja inversamente proporcional ao movimento. Quanto menos movimento, mais grana, quanto menos dança, mais grana pra dança. Vai entender...

A gente vai se virando enquanto a crise nas artes nos paralisa momentaneamente...

quarta-feira, julho 01, 2009

Pina Bausch (27 de julho de 1940 - 30 de Junho de 2009)

Último salto que se dá na vida
E fecha-se a cortina pra audiência
A arte sempre vence a ciência
Porque não tem ciência pra essa vida

Enquanto alguém dançar, é decidida
Essa batalha que não tem clemência
Eterno ensaio; exige paciência
Nossa coreografia, essa ida

Pra algum lugar que exista alguma arte.
Somente um beijo me bastava dar-te
Pra agradecer a sua maravilha

Eu não te vi dançar, mas pra poesia
A grande artista dança todo dia
Jamais pendura sua sapatilha.