terça-feira, junho 09, 2009

Há exatos 3 anos...


Há exatos 3 anos, dia 10/06/06, Jussilene publicava uma matéria sobre os 50 anos da Escola de Teatro no recém-criado teatronu.blogspot.com. (Matérias um, dois e três) Já em 2006 montávamos Os Amantes II. E depois veio o ciclo Memória do Teatro na Bahia, o ano zero do Diálogos sobre dramaturgia contemporânea, Os Javalis, Teatro NU Cinema; mostra Tchekhov, e centenas de postagens, discussões no blog.

É muito difícil dar continuidade a um trabalho de pesquisa, coerente, fundamentado, profissional. A classe teatral dá as costas, a imprensa dá as costas, temos pouco espaço para divulgação e vamos nos esforçando pra legitimar um trabalho na cidade de forma quase quixotesca. Cansa. As portas que se fecham a todo momento, o boicote velado - mas tão explícito -, tudo nos empurra a parar, desistir.

Acho que é por isso mesmo que continuamos. Quando tudo conspira contra, nos lembramos da burrice da maioria, da ditadura de mediocridade, da conivência dos covardes e percebemos que não podemos parar, pois é mais um foco de resistência que cai. E Salvador está correndo o sério risco de ter sua inteligência sepultada.

Somos um grupo cheio de projetos, não queremos parar, mas dificilmente conseguimos apoios para trabalhar; mesmo de graça, contrariando nosso foco profissional. Abriríamos na mesa de qualquer um ao menos uns 5 ou 6 projetos pensados e estruturados. Se já é quase impossível fazer um teatro profisionalmente estruturado, está difícil até mesmo fazer amadoristicamente. Pautas caras, instituições alegando pobreza, governos contrários a qualquer apoio direto...

Talvez o Teatro NU morra, fuzilado, ignorado, boicotado. Mas vamos morrer de pé. É melhor morrer de pé do que viver de joelhos, já dizia uma revolucionária. Ao menos 3 anos conseguimos sobreviver. Meu sonho é chegar aos 30. Sabe-se lá se chegaremos aos 4...

O que nos alivia é que temos a primeira edição do Diálogos sobre dramaturgia contemporânea e a viagem pelo interior de Os Javalis esperando sair a verba do governo estadual. Temos uma empresa que vai apoiar a volta de Os Javalis em Salvador. E outra que parece estar interessada em Animais noturnos, projeto que já tomou porrada em todos os editais possíveis.

Ionesco escrevia, certa época, para uma revista chamada NU. Em romeno quer dizer não.

Mas, por mais absurdo que possa parecer, nós ainda queremos fazer teatro, SIM.

3 comentários:

Vida Oliveira disse...

e ainda farão teatro, por um bom tempo!
assim, espero!

Viviane Abreu disse...

Parabéns a quem em teatro acredita, realiza, transgride e transcende, em meio aos caos, e transita firme pelo 'sistema' que quer calar, parar, inibir, sucumbir o outro. O teatro Nu tem qualquer coisa de antropofágico nele, porque é também feito com devoração crítica, pertubadora.
E isso, a vera, incomoda.

Então, intento forte daqui que continuem a in-co-mo-dar!

Vida longa e avante!

"E eu digo sim ao SIM..."

Matias Santiago disse...

pois é Gil...concordo com a resistência pois assim também sou...um artista da resistência contra a burrice, a ignorância e o descaso que teima em nos sepultar vivos!!!
Mas penso que poderíamos criar estratégias de sobrevivência de maneira mais concentrada...precisamos nos unir e propor ações para que nossa arte ganhe mais voz (pois este sistema nos emudece e isso é perigosíssimo)

quero propor alianças da resistência na arte...
vamos falar sobre isso?

Abraços nus,

Matias