quinta-feira, agosto 28, 2008
teatro nu com a minha música...
Dois Ivans, dois parceiros. Huol, responsável principal pelos meus êxitos nos festivais (meu padrinho!?), e Bastos, conhecido no meio musical como "professor". Duas referências absolutas pra mim, na minha adolescência, e que tive a honra de ter, depois, como parceiros. Honra essa agora transformada na bela gravação de Cláudia Cunha.
É isso. Apenas quis dividir minha felicidade e aproveitar pra homenagear meus parceiros e minha cara cantora.
GVT.
segunda-feira, agosto 18, 2008
Na época de meu pai...
Nas canções de Caymmi, a pobreza misturada ao orgulho e à força do pescador, as primeiras dissonâncias; nos romances de Jorge Amado, a verve comunista que tanto o projetou e que fez sua obra ser mais do que o simples cartão postal que alguns o acusam. E toda uma obra de uma geração que, ligada às novidades que surgiam, dialogava com seu tempo e seu espaço.
Na época de meu pai, um jovem temporão havia chegado ao Rio de Janeiro, capital do país, com um jeito diferente de tocar violão e cantar, vindo lá de Juazeiro. E João Gilberto havia aberto a cabeça de toda uma geração baiana que iria revolucionar o país.
Na época de meu pai, as castas sociais eram misturadas em rodas de capoeira, nas festas de largo, no samba-de-roda do Mercado Modelo, no cineclube de Walter da Silveira, na Escola de Teatro da UFBA, nos seminários de música da mesma universidade que havia sido acrescida de novos cursos, implantados por Edgar Santos, que trouxe a Salvador a vanguarda do mundo.
Na época de meu pai, ele pôde ver Yanka Rudzka, Gianni Ratto, Koelreuter, Lina Bo Bardi e tantos outros trazerem uma linguagem nova que se mesclava ao som dos atabaques, ao corpo redondo das baianas, à expressão sofrida, mas gozadora, de um povo. E dessa mistura puderam surgir Glauber Rocha, Gilberto Gil, João Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso, Muniz Sodré e toda uma geração – a geração de meu pai – que mexeu com as estruturas de uma cidade adormecida em seu pensamento e visão.
Mas na época de meu pai, todos sabiam o limite entre o popular e o erudito, entre o amador e o profissional, entre o capitalismo e a arte. Até porque era uma geração que, apontando para o futuro, vislumbrava uma cidade cujo seu potencial artístico e cultural pudesse transformá-la numa referência mundial para a dança, a arquitetura, o teatro, o cinema, a música.
Outras épocas vieram, e a migração para o sul-maravilha, a ditadura, a direita no poder e (pasmem) agora a esquerda (heim?) no poder, dentre vários outros fatores, fizeram com que Salvador nunca deixasse de ser uma província. Tudo isso fez de nossa cidade um lugar de artistas mendicantes, sem espaço e sem reconhecimento; um lugar onde o folclore é munição do estado para fazer a ação mais preconceituosa que existe, que é valorizar o que há de genuíno e exótico como forma de prender um povo, de forma violenta, à sua decorrente falta de amplitude de visão e conhecimento; um lugar onde uma arquitetura de péssimo gosto foi engolindo as belezas de nossas prédios antigos, um crime que já havia se iniciado, por exemplo, quando da demolição da nossa igreja da Sé – pois é, temos uma Praça da Sé sem uma igreja da Sé – pra passagem de uma linha de bonde, e chega agora a proporções de irresponsabilidade tal que até as pedras portuguesas, os casarões históricos e nossa orla são alvos de especulação imobiliária e estupidez da administração pública.
Salvador se tornou um projeto falido. Não se pensou num processo de urbanização que dialogasse com o contemporâneo sem tirar os olhos do passado. Pelo contrário, a especulação imobiliária transformou nossa cidade numa mistura de Miami com Favela da Rocinha, espremidos que estamos por uma cidade que transita entre a aparência eterna de “invasão” com a de prédios das alturas, estéticas e localizações mais diversas, quase que em sua maioria evitando se pensar num diálogo com nossas vistas, nossa história, nossa cara. Os seguidos administradores públicos, para além de abrirem as pernas para a descaracterização da cidade, nunca olharam pra um de seus maiores bens, seus artistas, que ano após ano migram da cidade, ou se enfiam em universidades para ganhar a vida, frustrados por não ter havido um projeto, um plano, talvez uma extensão da abortada idéia de Edgar Santos e tantos outros da época, que sabiam dos valores existentes nesta cidade.
Hoje parece não ser mais a época de meu pai. Um homem que viveu a pujança da Bahia dos anos cinqüenta, sessenta e setenta, hoje se tornou um dos maiores poetas do mundo, uma figura culturalmente importantíssima, mas que, como as pedras portuguesas, parece estar sendo arrancado da realidade medíocre da nossa província soteropolitana.
Ele e tantos outros de sua geração bradam contras os crimes realizados à nossa cultura, à nossa arte. Ele é de uma geração que queria e tinha projetos para a cidade, mas que se espremeu entre brados quixotescos.
Enquanto os donos do poder legitimam e valorizam a ignorância, o amadorismo, a burrice e a pobreza da nossa grande massa – por um lado –, e por outro baixam a cabeça para interesses escusos e para uma classe média iletrada e manipulada, Salvador continua deixando de ser a cidade de Caymmi, de Jorge Amado, de Walter Smetak, de Rolf Gelewski, e de alguns grandes homens vivos que, atordoados, assistem à degradação da cidade que arranca seus valores, sua cultura, e planta em seu lugar a mediocridade e o mau-gosto do fim dos tempos...
GVT.
Texto dedicado à geração de Ildásio Tavares, meu pai, e a Dorival Caymmi, que foi encontrar uma outra Bahia por aí...
sábado, agosto 16, 2008
O Teatro e a Olimpíada (1ª parte)
Os dois são manifestações culturais surgidas na Grécia Antiga, sabemos. Não vou especular muito sobre a causa de uma ter se tornado um espetáculo de interesse mundial, enquanto a prática do outro se transformou em algo pulverizado, de apoio restritíssimo, que movimenta pouca ou nenhuma publicidade e, causa-consequência, tem importância periférica na atual sociedade de consumo mediática.
Só vou lembrar da conversa que tive com minha amiga, a atriz Adriana Amorim, que está no mestrado do PPGAC investigando sobre as relações entre o teatro e o futebol, ou seja, entre o teatro e uma modalidade esportiva.
Depois que ouvi sua angustiada e legítima exposição sobre a diferença da quantidade de públicos, eu dei meu pitaco sobre o interesse massivo de um, em detrimento do desprezo massivo do outro. Em ordem, eu acho que: Em 1º lugar, no futebol há competição; Em 2º lugar, as regras são claras; 3º lugar, o objetivo final é obvio até para aqueles que não conhecem todas as regras: meter a bola na rede.
Acho que, sim, grosso modo, a competição e a simplicidade das regras explica muita coisa sobre o sucesso numa sociedade de espetáculo (qualquer uma). A simplicidade das regras que faz com que todos acompanhem o fenômeno, a competição que faz com que tomem partidos, irmanados em torcidas que promovem a participação e o engajamento. Não vivemos tempos de reclusão e observação. Não queremos a re-presentação, mas a presentificação, etc.
Em outra direção, lembro que o teatro também já teve suas torcidas. Na Grécia mesmo, as peças eram apresentadas em forma de competição. A maturidade da tragédia grega, por volta de 500 a.C, ocorreu graças a concursos públicos promovidos, anualmente, pela pólis.
Sófocles, autor de Édipo Rei, foi vencedor destes concursos dramáticos 24 vezes. Ésquilo levou 13 coroas de louros para casa (bom, não sei se era este o troféu para o teatro também...) e Eurípedes, de As Bacantes, levou outros cinco. Os números estão lá na História do Teatro, de Nelson de Araújo, e em outros livros. Isso para não falar da competição entre Shakespeare, Marlowe e Ben Johnson, da concorrência entre as diferentes casas de óperas, entre as sopranos, entre as primeiras atrizes. Sim, e entre os intérpretes de Shakespeare!
Quando um público, como o inglês por exemplo, conhecedor de um autor como Shakespeare, acostumado a assistir dezena de peças dele, vê um novo ator desempenhado o clássico papel, este público já tem de antemão algumas regras. O ator tem que ser muito bom para superar todas as expectativas da platéia e superar o desempenho dos outros intérpretes ao lado. É como no salto com vara: tudo mundo prende a respiração porque sabe o que vai acontecer. E respira quando o atleta o surpreende. Isto é competição. Isso mexe com o sangue.
É bem diferente do Brasil, por exemplo, pelo menos em relação a Shakespeare, onde a cada geração surge um eleito incomparável. Puxa vida, eu nem sei explicar como isso acontece... E que fique bem claro que obviamente não é culpa dos atores, que estão fazendo a coisa certa, mostrando seu trabalho, dando as caras, assumindo desafios. Mas que é um sistema provinciano no qual estamos cada vez mais inseridos, isto é.
Vale destacar que há muito tempo 'ser provinciano' não é mais associado apenas ao habitante de uma província real, digo, de uma cidade do interior. Ser provinciano, para a história das mentalidades, é estar limitado às suas fronteiras, sendo incapaz de ver e reconhecer o que há de fora delas. A percepção da realidade é "minha aldeia" e, dentro deste círculo (de variados tamanhos), achar que acontece tudo de mais importante no espaço e no tempo. O sistema midiático, claramente sem memória temporal, apresentando tudo como a "última bolacha do pacote", é reconhecidamente um ambiente provinciano. Lembre-se: para o provinciano só importa o que habita naquela aldeia.
Bom, mas voltando a competição, há muito dela na dramaturgia televisiva. Isso é inegável. Competição que, com certeza, provoca a produção, e - vá lá, sejamos humanos - nossos mais elementares instintos. É bom lembrar que tanto as competições teatrais quanto a Olimpíada quando aconteciam suspendiam as guerras em curso. O Teatro e o Esporte substituiam as competições de verdade. Neles continuamos inimigos, mas de 'mentirinha', sublimando nosso espírito de destruição real. Bom, não sei muito sobre Freud, só o suficiente para dizer com ele que é na sublimação dos instintos que está a base da civilização.
Mas, meu Deus, olha como o texto ficou grande só com a abertura... Incrível. Queria escrever sobre o esporte de elite e sua relação com o teatro de elite (e não, teatro DA elite!!!!). Deixo para uma segunda parte.
Beijing a todos.
quinta-feira, agosto 07, 2008
Confissões de uma africana albina
O que isto significa só Deus e meus amigos é que sabem porque eu mesma não faço idéia. Não! Minto. Faço sim... Faço porque, aos poucos, fui registrando como o meu jeito de ser repercutia ou causava.
Quando eu era pequena, a minha maior diversão era ir para a praia junto com minhas amigas. Domingão em Ondina, porque era rasinho, formava piscina e nossas mães deixavam... Agora, pense: alguém aqui sabe a distância? Por mais cedo que saíssemos de casa – e olhe que a gente se programava desde a véspera, separando o que cada uma ia levar, e etc. – a gente sempre chegava na orla umas 11h, 12h.
Primeira coisa que a gente fazia era escolher tipo uma zona para abrir as toalhas. Geralmente as meninas gostavam de ficar perto do Ondina Apart e eu não tinha muita escolha. Ou melhor: não dava importância para esta discussão. Para mim, tanto fazia. Até porque eu era a pirralha do grupo e não mandava em nada.
Formávamos um pequeno travesseirinho com um montinho de areia e lá íamos esperar o menino do bronzeador passar com aqueles saquinhos amarrados num pau. Lembro como se fosse hoje a sensação em minha pele daquele líquido oleoso e vermelho já quente pelas andadas do vendedor pela praia.
Umas 15h, geralmente a meu pedido, a gente ia para o ponto, pegar de volta o Barra/São Caetano da Transol. Como sempre, eu falava que ia ficar mais tempo, mas não agüentava. Resmungavam elas, enquanto sacudiam a roupa, dizendo que não iam me levar mais.
Geralmente eu faltava aula segunda-feira pela manhã. Não conseguia vestir uma camiseta. Só pelos 12 anos de idade foi que descobri o Caladril. Aos 19, me apresentaram o protetor solar.
Uns dois, três dias depois, as bolhas subiam. Eu e meu irmão gostávamos de pocá-las com uma agulha. Como mainha reclamava, a gente fazia escondido. Os meninos da rua ficavam rindo, mas eu nem ligava. Até que um deles, um dia, falou na minha cara que eu era uma barata descascada.
Eu dei um grito e saí correndo. Cheguei em casa chorando. Mainha, claro, perguntou por que. Eu disse e ela falou que ia reclamar com dona Marieta, a mãe dele. Depois da bronca que obrigou Edson a ficar de castigo, os meninos ficaram cantando uma música inventada que tinha uma barata descascada na letra.
Depois eles esqueceram.
Isso para não lembrar dos shows do Zampiapombo, na Formiga de São Caetano, e de outras histórias que o povo de Zambi vive me pedindo para contar em peça ou num roteiro...
Tem até um projeto meu com Xanda Dumas, infelizmente adiado devido a sua viagem para a França. Os mais radicais me pedem mesmo um pocket show, tipo microfone e banquinho, em protesto pela carestia em que estão submetidas as produções teatrais, mas eu não tenho talento para isso... Sou uma atriz dramática que precisa de toda a parafernália que o teatro moderno inventou para contar suas histórias. Preciso de, sobretudo, outro ator, porque já disse e esta é minha profissão de fé, o teatro nasce com o diálogo. E a arte de dialogar é a que mais me importa.
sábado, agosto 02, 2008
A.rte Con.Tem/por.@neA
- Não entendi nada.
- Mas não é pra entender, é pra sentir.
- Eu sinto muito.
Uma história do Teatro vista da Província - Cap.1
Predominância do teatro dramático, ilusionista, aristotélico. Ou seja, é aquele teatro que defende um lugar à parte da sociedade para contar histórias; Nele há, sobretudo, personagens e texto; E quase que com certeza (mas nem sempre, vide Shakespeare) há cenários e figurinos. Aqui estão a preparação de atores de Stanislavsky, a direção de cenas de Antoine e uns 7 milhões de clássicos da dramaturgia.
De meados do século XX até hoje (ou os 50 anos de nossa contemporaneidade):
Teatro Épico, Bertolt Brecht, alemão
O distanciamento proposto por Brecht promove que um pé do ator fique no teatro ilusionista e o outro fora dele, na sociedade. "Sejamos críticos do que fazemos!". Essa postura abre caminho para teatros políticos de todas as cores. Anos 30/40/50
Teatro da Crueldade, Antonin Artaud, francês
Sim, ele viveu antes de Brecht, mas seus escritos só foram apropriados no discurso da contracultura, nos anos 60/70. Deu o mais sonoro não ao drama burguês, ilusionista, e este urro continua sendo ouvido e ecoado até hoje. Rejeita a supremacia da palavra, do texto. Prega a 'volta' do corpo. É o pai-avô da performance. Como nunca saiu da Europa, descobre os rituais do Oriente nas feiras internacionais que visitam Paris.
Teatro Pobre, Jerzy Grotowsky, polonês
Escreve um livro que, traduzido, será a Bíblia de gerações de atores do Terceiro Mundo por motivos óbvios: "Não precisamos nos preocupar com nenhum adereço, porque só o ator é essencial". Depois, afasta-se inclusive disto. E afirma que nem o teatro o interessa mais, mas sim o contato quase santo entre as pessoas. Vide seu último livro: Dia Santo. Anos 50/60/70.
Antropologia Teatral, Eugenio Barba, italiano
Como assistente de Grotowsky, de certa forma se apropria de suas propostas. Para ele, o mais importante é o contato entre os atores e as pessoas. Na início da década de 70 faz a pergunta essencial: "O que é um ator quando não se tem um espetáculo?". Daí, inicia a prática do teatro como "baratto culturale", uma troca através de uma montagem com a comunidade, um lugar para o diálogo com as realidades diversas. No final dos anos 70, cria na Dinamarca o ISTA (International School of Theatre Anthropology) onde estuda as bases técnicas do trabalho do ator a partir de um processo comparativo com os vários estilos de interpretação oriental e ocidental. Na prática é uma rede internacional e multi-cultural de performers, atores, estudiosos e acadêmicos do teatro. Tem até um professor de Salvador, Augusto Omolú.
Teatro do Oprimido, Augusto Boal, brasileiro
Após percorrer a história da encenação de Stanislavsky a Brecht e ajudar a criar o Teatro de Arena em SP, Boal sai do país durante a Ditadura Militar para nunca mais voltar (de fato). Conhecido mundialmente por seus exercícios para não-atores, prega: "O teatro deve ser um auxiliar das transformações sociais e formar lideranças nas comunidades rurais e nos subúrbios". No seu método, que lhe valeu uma indicação ao Nobel da Paz em 2007, as técnicas de teatro são usadas abertamente para a conscientização do homem comum no seu cotidiano. Anos 70/80/90/00...
Etnocenologia, Jean Marie-Pradier, francês
Anos 90. Numa perspectiva muito similar à antropologia do teatro, se preocupa com a cena em geral, não mais se limitando às análises dos espetáculos propriamente ditos (ou seja: as peças, as montagens, etc). Tudo e/ou qualquer comportamento humano pode ser espetacular. As cenas da vida cotidiana são espetaculares. Para alguns até espetaculosas... Super-ultra-trans-disciplinar pede ajuda aos universitários da sociologia, da antropologia, da história para analisar seus objetos-sujeitos-objetos. Febre em todos os países de língua francesa e na Bahia.
Anos 00:
Enfim, teatro, ator, personagem e texto hoje são palavras minadas, quase sem sentido, a depender de quem as pronuncia, de quem as ouve... Isso para não falar de platéia, de público.... Na contemporaneidade, aos trancos e barrancos, todas estas correntes (pode-se dizer que são correntes?) estão por aí. Se, grosso modo, nas graduações das escolas de teatro, em quatro anos, consegue-se percorrer (correr) dos gregos ao Boal dramático, com pinceladas de Grotowsky, nas pos-graduações o caminho não é nada linear. Pode-se cair na contemporaneidade de qualquer época. Em qualquer época.
Por Jussilene Santana
junesantana@gmail.com
O poeta está nu
Eis que surge a possibilidade de ter alguns poemas publicados numa edição portuguesa (capa ao lado). A publicação diVersos, poesia e tradução, das Edições Sempre-em-Pé, pretende mapear a poesia mundo afora, além de trazer para Portugal o conhecimento de obras em outras línguas.
Através do convite do editor José Carlos Marques, enviei o que de menos pior eu tinha e lá foram selecionados, por eles, seis poemas. Ou é o começo do fim, ou é o fim do começo? Bem, publiquei. Agora, seja o que as musas quiserem. Abaixo, segue um dos sonetos publicados, que, pela temática, tem mais a ver com um blog chamado Teatro NU, já que aqui não é coluna social da minha vida...
TCHEKOV
A gaivota que voou em cena,
Pousou no ombro do encenador.
De lá voou pra além do bastidor
E foi sumindo, ficando pequena
Até virar saudade. Uma pena,
Apenas, lá no chão, lembrava a dor
De ver morrer também o seu autor
E uma arte que luta com a antena
Da tv, com a tela do cinema...
Mas ressuscita a cada personagem
Que desconstrói e reconstrói a trama.
E vive a arte. Pois não há problema:
O homem sempre busca sua imagem
Buscando no outro aquilo que se ama.
Por Gil Vicente Tavares
gvtavares@uol.com.br